Une flâneur à Montréal: Episódio 06

Você já ouviu falar em Geoturismo?

Se para você sustentabilidade é sinônimo de reciclagem, descubra aqui como Montréal usa o conceito de ‘ser sustentável’ para fazer de moradores e turistas eternos apaixonados pela cidade…

Seriam necessários alguns posts para falar de todas as iniciativas e programas voltados à sustentabilidade existentes em Montréal, e como prometi falar um pouco sobre essa questão tão importante, mas ainda tão pouco compreendida apesar de envolver a todos nós seja na vida cotidiana ou nas atividades profissionais, escolhi uma única ação para servir de exemplo de como as coisas acontecem por aqui. Evidentemente, escolha essa bem motivada: escolhi o exemplo de ação sustentável que mais me chamou a atenção desde que cheguei aqui; que, a princípio, nem sabia que tinha um nome especial, e que me fez cair de amores pela cidade…

Cultura em Montréal. De cima, a partir da esq., em sentido horário: 1. Prédios modernos do Centro de Ciências da UQÀM (Université du Québec à Montreal) ao redor de uma igreja; 2. Nuit Blanche (Noite Branca), evento integrante do Festival de Inverno da cidade; 3. Biodôme (museu natural que abriga quatro ecossitemas) e torre do Estádio Olímpico de Montréal; 4. Vitrais na estação do metrô. (Fotos: Cynthia Hansen)

Em 2007, Montréal se tornou o primeiro centro urbano a assinar a Carta do Geoturismo da National Geographic Society, reforçando seu status como uma cidade cultural inovadora resolutamente voltada para o desenvolvimento sustentável. Esta carta inclui 13 princípios que devem ser adotados por qualquer destino que deseje ser reconhecidos como geoturístico (conheça estes princípios clicando no link: http://www.montrealgeo.com/?cat=4 – em inglês).

Natureza em Montréal. De cima, a partir da esq., em sentido horário: 1. Red Winged Blackbird sobre poste de iluminação; 2. Esquilo em rua residencial; 3. Gaivota em parapeito do Porto de Montréal; 4. Pinguins do Biodôme (museu natural); 5. Gansos no bordo do rio Saint-Laurent; 6. American Robin no Parc des Rapides (santuário natural de pássaros). (Fotos: Cynthia Hansen)

Bacana, né? Mas você sabe o que é “Geoturismo”? Geoturismo é um tipo de turismo que preserva e valoriza o caráter geográfico de um dado destino turístico – seu ambiente, sua cultura e estética, seu patrimônio e o bem-estar de seus habitantes. Na verdade, o geoturismo é um estado de espírito, uma atitude para com o turismo que se baseia nas características, na história e na cultura de uma cidade, incluindo a gastronomia, as artes e demais atividades que ela tem para oferecer. Conhecendo a visão e os objetivos de Montréal como destino geoturístico fica um pouco mais fácil entender este espírito:

VISÃO: Garantir, através de esforços conjuntos e inovação, que o caráter cosmopolita mundialmente reconhecido de Montréal e suas evidências físicas e culturais na cidade, bem como o patrimônio existente em suas proximidades, sejam respeitados, compreendidos e apresentados para aprimorar o senso de pertencimento do cidadão, a responsabilidade coletiva e experiência dos visitantes através de um conceito de desenvolvimento sustentável urbano e do turismo.

OBJETIVOS: Envolver, motivar e coordenar as partes interessadas, programas, autoridades; preservar, apresentar e enriquecer o patrimônio coletivo; demonstrar liderança local e globalmente; agir sobre a sustentabilidade urbana e o turismo cultural por meio de ações na cidade.

Vida em Montréal. De cima, a partir da esq., em sentido horário: 1. Parque público no inverno; 2. Estação de metrô; 3. Marché Jean-Talon, um dos vários mercados públicos da cidade. (Fotos: Cynthia Hansen)

Um dos resultados deste esforço é que todos os turistas, da mesma forma que seus habitantes, são fortemente estimulados a utilizar o transporte público para minimizar suas “pegadas ecológicas” na cidade. A ideia é que, ao adotar o estilo de vida dos montrealeses, por exemplo, usando o sistema de bicicletas públicas conhecido como Bixi (https://montreal.bixi.com/; em inglês e francês), ou se beneficiando dos descontos progressivos para compra de bilhetes de longa duração oferecidos pelo sistema de transporte público da cidade – que consiste de um enorme sistema integrado de metrô e ônibus (www.stm.info – em inglês e francês) –, o turista se beneficie por experienciar Montréal da mesma forma seus moradores fazem.

Ações em prol da sustentabilidade em Montréal . A partir da esq., em sentido horário: 1. Plano do metrô (Fonte: www.stm.info); 2. Posto de Bixi em frente à estação de metrô (Fonte: www.tourisme-montreal.org); 3. Página inicial do site Tourisme Montréal (www.tourisme-montreal.org) (Fotos: Cynthia Hansen)

Além disso, partir de diversos sites e aplicativos para smartphones é possível se localizar facilmente na cidade em relação aos pontos (infindáveis!) de acesso ao transporte público, eventos, locais turísticos, restaurantes, lojas, serviços, entretenimento, arte e o que mais você puder imaginar. E, em toda a profusão de material de orientação ao turista que se encontra à disposição em shoppings, hotéis, centros de informações turísticas, lojas e toda a sorte de estabelecimentos comerciais, os pontos turísticos sempre têm sua localização referenciada também em relação ao transporte público (em qual estação de metrô descer, qual ônibus tomar, etc.). Para facilitar ainda mais as coisas, o movimento de difusão de wi-fi gratuito na cidade, realizado pela organização Île Sans Fil (Ilha sem fio: www.ilesansfil.org, em inglês e francês – para constar: Montréal é uma ilha pluvial!) garante que o turista acesse todos os aplicativos e sites disponíveis a respeito do entretenimento, cultura, transporte e informações sobre a cidade com muita facilidade, esteja onde estiver.

Informação sobre Montréal. De cima, a partir da esq., em sentido horário: 1. Alguns dos vários aplicativos para smartphone com informações sobre a cidade; 2. Alguns dos diversos guias e mapas turísticos distribuídos gratuitamente na cidade; 3. Detalhe do mapa e guia geoturístico de Montréal. (Fotos: Cynthia Hansen)

Mas não são só a infraestrutura e a tecnologia os aliados da cidade quando se trata de garantir um turismo sustentável. Os habitantes da cidade também são tidos como uma peça fundamental para o sucesso e manutenção dessa iniciativa. Revistas sobre a cidade, assim como guias e mapas turísticos são elaborados a partir de consultas à população, que indica lugares interessantes e conta suas próprias experiência com a cidade (como comprova a terceira imagem acima). O resultado não podia ser melhor: com um guia turístico na mão e um plano do metrô no celular, o turista tem o prazer de descobrir e se aproximar realmente – nada de vislumbres rápidos pela janela do carro – de lugares e paisagens que refletem de verdade o espírito da cidade. E, desse jeito, é impossível não se apaixonar por essa incrível ilha…

Arquitetura de Montréal. De cima, a partir da esq., em sentido horário: 1. Downtown (centro da cidade) com seus característicos arranha-céus envidraçados e a sinalização charmosa da Underground City (Cidade Subterrânea), integrada à rede do metrô; 2. Habitat 67, complexo habitacional de luxo criado para a Expo 67, exposição mundial realizada em Montréal em 1967; 3. Arquitetura vitoriana típica do Plateau-Mont-Royal, um dos bairros mais charmosos da cidade. (Fotos: Cynthia Hansen)

Além da minha sensacional experiência geoturística na cidade, foram fundamentais para a redação deste post as seguintes fontes de informação: www.montrealgeo.com; www.geotourisme.ca.

 J’adore Montréal!

Um abraço,
Cynthia*

 

Deixe uma resposta